Alterações no Corpo

ALTERAÇÕES NO CORPO DA MULHER DURANTE A GESTAÇÃO

 

Foto: Seqüência gestação semana à semana (4, 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 37 semanas) e pós-parto (com bola de pilates).

 

 

O que é importante saber  na gravidez referente ao corpo da mulher?

 

- Que ele foi feito para gerar e parir um bebê.

- Que vão ocorrer mudanças em sua estrutura e biomecânica durante a gestação.

- Que pode ocorrer dores e/ou desconfortos que é COMUM, mas pode ser EVITADO se o corpo for devidamente preparado.

- Que ele pode ter uma gestação com saúde.

 

1) GERAR E PARIR

 

Toda mulher com saúde é capaz de gerar um filho no ventre. O corpo sofre diversas transformações para que o feto possa se desenvolver dentro do útero. Todas as estruturas se modificam.

 

Para que o feto cresça, todo o corpo da mulher precisa se adaptar por dentro e por fora. Entretanto, o mundo moderno trouxe para nós o sedentarismo, que diminui a qualidade do corpo de se adaptar causando dores e desconfortos durante a gestaçao, durante o parto e no pós parto.

 

Toda mulher foi feita para parir e todo corpo foi feito para se adaptar durante os nove meses da gestação, basta a mulher e o corpo estarem equilibrados e saudáveis.

 

2) MUDANÇAS NO CORPO

 

O corpo da mulher sofre diversas transformações para poder gerar um filho. Haverá mudança na parte estrutural e biomecânica, hormonal e psicológica.

 

A- Mudanças no Aparelho Respiratório

Relação com o diafragma: tórax, abdome e diafragma.

 

Durante a gestação o diafragma é elevado 4 cm, os diâmetros torácicos são aumentados e os ângulos subcostais ampliados, de modo que o perímetro torácico estará aumentado em torno de 5 a 7 cm.

 

As uniões fibrosas e cartilaginosas das costelas se amolecem (responsáveis pela ampliação do tórax e pelo aumento da capacidade vital); a ingurgitação da vascularização pulmonar se associa com uma elevação de 40% no fluxo sanguíneo pulmonar; músculos abdominais diminuem seu tônus e se mostram menos ativos durante a gestação (respiração é predominantemente diafragmática-costal); volume respiratório circulante aumenta gradualmente (35-50%); capacidade pulmonar total se reduz (4-5%) pela elevação do diafragma (embora se compensa com aumento das dmensões torácicas).

 

Essas mudanças ocorrem decorrentes de influências hormonais e mecânicas:

- Mecânica: Diafragma eleva-se pela pressão vertical do útero com um aumento do consumo de oxigênio e a respiração se faz mais dificultosa.

- Hormonal: Progesterona pode ser fator desencadeante inicial para elevação do diafragma (relação com o músculo-diafragma).

 

B- Mudanças Hormonais

Relação relaxina e progesterona – tecidos moles, ossos e articulações.

 

A liberação dos hormônios durante a gravidez, é responsável por aumentar a síntese de colágeno e outras substâncias, o que modifica a constituição dos ligamentos, fazendo-os mais elásticos e distendidos.

 

Por consequência dos hormônios, ocorre hiperfrouxidão ligamentar em todas as articulações do esqueleto tornando-se hipermóveis. Ao mesmo tempo ocorre propensão à instabilidade articular levando a espasmos musculares e contraturas.

 

Esta mudança hormonal durante os nove meses são fundamentais para o crescimento do feto dentro das estruturas do corpo e principalmente para o saída do bebê na hora do parto vaginal. Entretanto, como esta mudança não é pontual, ocorrendo em todas as estruturas, é importante a gestante tomar alguns cuidados como, evitar andar de salto alto, cuidado dobrado para andar nas calçadas emburacadas e cuidar para descer degraus muito altos. Isto porque, o tornozelo fica muito instável com a hiperfrouxidão ligamentar, podendo ocorrer entorses de grau leve até grau severo.

 

Curiosidade:

 

- As mudanças hormonais são responsáveis por 30% das dores na zona lombar pélvica.

 

- As mulheres que já nasceram com propensão à rigidez articular (com menos elasticidade), as mudanças na gestação começam mais cedo. Já as mulheres que nasceram com propensão à hipermobilidade articular (mais elasticidade), seu centro de gravidade muda muito pouco durante a gestação, pois estas possuem maior capacidade de adaptação corporal.

 

C- Mudanças Posturais

Relação musculoesquelética: músculos, ossos e articulações.

 

QUADRO GERAL

 

Durante a gestação, o corpo da mulher vai ganhando peso devido ao aumento do feto a cada semana. O aumento do peso depende muito das características físicas de cada mulher. É recomendado que o peso aumente entre 8 e 16 kg. Quanto mais peso acima do recomendado maior o risco de sofrer alguma patologia.

 

A mudança mais característica da gravidez é o aumento da lordose lombar. O aumento da mobilidade das articulações sacroilíacas, sacrocoxígeas e sínfise púbica causam alteração postural e podem ocorrer dor lombar.

 

Adaptações:

 

Aumento do útero à pelve em anteversão à centro de gravidade se desloca para frente à aumento da cifose dorsal e lordose lombar para equilibrar à inclinação dos ombros para frente.

 

HIPERLORDOSE LOMBAR

 

Grávidas compensam as mudanças intrapelvianas com uma lordose lombar leve.

Esta lordose é produzida pela extensão do tronco superior, do pescoço e da articulação do quadril e não pela extensão da coluna lombar.

 

DIÁSTASE ABDOMINAL

 

Aumento do útero + aumento da lordose lombar à distensão dos músculos abdominais - são menos eficazes ou incapazes de suportar a tensão.

 

Quando os músculos abdominais não suportam a tensão do aumento do útero, os retos se separam na linha média à diástase de intensidade variável.

 

LESÃO NOS DISCOS INTERVERTEBRAIS

 

O útero gravídico e a lordose compensadora produzem uma carga mecânica notável na zona lombar. Esta alteração da postura aumenta a tensão das facetas articulares lombossacras o que aumenta as forças tangenciais nos espaços entre os discos intervertebrais. Desta forma se instala um desequilíbrio anteroposterior.

 

D- Mudanças Musculoesqueléticas

 

Estática - Bipedestação: separação dos pés para aumentar o centro de gravidade;

Dinâmica - Marcha: mais lenta, girando o corpo levemente e basculando para os lados.

 

D) Postura e Mudanças Hemodinâmicas

Relação no último trimestre: útero, coluna vertebral, veia cava inferior e aorta.

 

A hemodinâmica materna está profundamente afetada pela postura, sobre tudo, no terceiro trimestre. Tem particular importância as relações entre útero no último trimestre, a coluna vertebral, a cava inferior e a aorta.

Na posição decúbito supine (barriga para cima), o fundo uterino obstrui o fluxo da veia cava provocando uma diminuição no retorno cardíaco, o que compromete o gasto e produz hipotensão sistêmica.

Esta síndrome de hipotensão supina é particularmente grave nas gestantes a curto prazo, se elas tem uma gestação múltipla ou hidramnios (*excesso de liquido amniótico), já que podem desencadear-se lipotimias e situações de sofrimento fetal.

(*lipotimia: é a perda mais ou menos completa da consciência, acompanhada da abolição das funções motrizes e/ou motoras, que lembram efeito extra-piramidal, com integral conservação das funções respiratória e cardíaca.)

 

Outras questões:

 

- Efeitos similares sobre o gasto cardíaco, embora menos importantes, podem também produzir-se ao permanecer de pé ou sentado.

- As implicações clínicas desta sensibilidade postural à posição supina durante a gestação são evidentes.

- Durante o parto, a permanência sobre o lado esquerdo melhora a perfusão uterina e é a posição preferida.

- Se for suspeitado a existência de sofrimento fetal, a gestante deverá deitar-se sobre o lado esquerdo.

- A compressão da veia cava pelo útero gravídico durante a posição ereta ou deambulação reduz a pressão sanguíena e compromete o fluxo uterino.

 - A mudança de posição ao descomprimir a veia cava inferior aumenta o retorno venoso e o gasto cardíaco.

 

POSIÇÃO BARRIGA PARA CIMA

 

- Fundo uterino obstrui o fluxo da cava;

- Provoca diminuição no retorno cardíaco;

- Compromete o gasto cardíaco;

- Produz hipotensão sistêmica.

 

POSIÇÃO ERETA/SENTADA

 

- Efeitos similares sobre o gasto cardíaco, embora menor:

- Há redução da pressão sanguínea;

- Compromete o fluxo uterino.

 

POSIÇÃO DECÚBITO LATERAL

 

- Descomprime a veia cava inferior;

- Aumenta o retorno venoso;

- Aumenta o gasto cardíaco.

 

3 – DOR E DESCONFORTO

 

Porque algumas mulheres sentem dores e desconfortos no corpo e outras não?

 

Dor e desconforto é COMUM, mas EVITADO quando o corpo é devidamente preparado.

 

- Estima-se que TODAS as mulheres experimentam certo grau de perturbação musculoesquelética durante a gravidez;

- Mais da metade das mulheres grávidas (50 a 90%) referem algum tipo de dor musculoesquelética durante a gestação;

- Até 15% experimentam fortes patologias que alteram sua qualidade de vida;

- 25% tem, pelo menos, temporalmente, sintomas incapacitantes.

 

Como foi dito anteriormente, todo corpo saudável e equilibrado é livre para poder se adaptar as transformações que ocorrem durante os nove meses da gestação. Se ao engravidar, a mulher já tiver algumas disfunções e patologias (mesmo que a mulher não sinta dor), o corpo encontrará barreiras para a adaptação aumentando as disfunções no local.

É importante saber, que muitas vezes temos disfunções articulares e algumas patologias no corpo que desconhecemos. Portanto, é muito fundamental a mulher fazer uma avaliação com um Fisioterapeuta. Quanto mais cedo as estruturas do corpo forem liberadas, mais saudável será a gestação para a mamãe.

 

4 – GESTAÇÃO COM SAÚDE

 

Para se ter uma gestação saudável é preciso:

 

-       Conhecer seu corpo – propriocepção/consciência corporal;

-       Respeitar seu corpo;

-       Cuidar do assoalho pélvico – PERÍNEO e ABDOME;

-       Praticar exercícios de estabilização;

-       Praticar exercícios de relaxamento e fortalecimento.

 

Todas essas relações e mudanças estruturais materno-fetais podem gerar disfunções a qualquer momento desde a concepção até o pós-parto.

É muito importante a mulher receber orientações, tratamentos e exercícios específicos de um Fisioterapeuta para cada fase da gestação.

Mantenha seu corpo saudável, com elasticidade e força muscular. A harmonia Corpo e Mente da mamãe traz muitos benefícios para o bebê. 

 

 

Fisioterapeuta Dra. Lilian Sarli

Mestra pela Unicamp / Ortopedia e Medicina Esportiva
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